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Mas eu sou como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor de
Deus para todo o sempre. Salmo 52:8

sábado, 29 de dezembro de 2012

Escolhi agradecer...



Que teremos que morrer um dia, é tão certo como não se pode recolher a água que se espalhou pela terra. Mas Deus não tira a vida; pelo contrário, cria meios para que o banido não permaneça afastado dele. 2 Samuel 14:14



"A vida é uma realização; e o morrer, o final dessa realização. No turbilhão em que vivemos, não conseguimos, muitas vezes, encarar a vida como uma realização, muito menos a morte. Mas é isso que ambas são', decreta Madre Tereza de Calcutá."



"Há somente duas maneiras de lidar com a morte: não encarar o fato de que somos finitos ou outorgar-lhe um significado. Tanto a vida como a morte pedem por uma atitude pessoal que lhes dê um sentido. O tempo de vida, o passado, o presente e o futuro adquirem ritmo, orientação e valor diferenciado conforme as atitudes que tomamos e as escolhas que fazemos. Não morremos de uma vez para sempre, cada instante nos faz viver e morrer. (...) 

'O sentido que damos à morte é o sentido que damos à vida. E o sentido que damos à vida é o sentido que damos à morte', escreve Leonardo Boff em Ética da vida. O nosso olhar para a morte depende do olhar que temos para com a vida." Vera Cristina Weissheimer


Vitória recém-nascida - janeiro de 2010

Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso". Lucas 23:42-43





aniversário de 1 ano - janeiro de 2011


...com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. (...) desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor. apóstolo Paulo, em Filipenses 1:20-21; 23b


Vitória em dezembro de 2011






Tive o imenso privilégio de passar os últimos três anos com minha princesinha Vitória durante o Natal e o final de ano.

9º mês de gestação da Vitória - dezembro de 2009
Primeiro ela estava na minha barriga, pequenina, mas já serelepe e cheia de vida. Ela me trazia uma força que me encorajava diante ao nosso futuro incerto. Talvez no próximo mês Deus a levasse assim que nascesse em janeiro. Mas o amor tão profundo que havia surgido entre nós nos tornava mais fortes que a dor e que as incertezas. A nossa união vinha de Deus e a presença de Deus fazia as circunstâncias dessa vida se tornarem pequenas... entendi melhor porque Davi dizia que Deus era a sua torre alta nos momentos de tribulação. Quando estamos num lugar alto, a visão de algumas coisas que antes nos assustavam mudam de proporção.

A certeza da eternidade oferecida gratuitamente em Cristo se tornara algo real e maravilhoso quando víamos a morte diante de nós. Tudo que eu havia estudado e crido na sua Palavra, estava prestes a se tornar real.  Deus usou a minha Vitória de Cristo para me aproximar dele de uma forma nova, pura e simples. A minha bebê me ajudou a descobrir um coração de criança, simples e cheio de fé.

Parece que o ano realmente começou quando ela nasceu, dia 13/01/2010. E ela chegou tão suavemente, tão doce e amável. Pensamos que sua estadia conosco seria breve, tamanha era  sua fragilidade, mas não. Ela ficou conosco durante todo aquele ano cheio de desafios.

Ela nasceu com a cabecinha toda aberta, e minha primeira reação ao vê-la foi de que seria impossível viver naquela condição. Além de todas as previsões médicas e alguns poucos relatos de que tinha conhecimento, sua expectativa era de algumas horas de vida a poucos dias. Mas Deus e ela me mostraram que aquilo que parecia impossível aos olhos humanos era possível sim para Ele. Que nem sempre as previsões científicas se cumprem. Cada experiência é única. Não sabemos porque tivemos esse privilégio e essa missão (e realmente não necessito de explicações). Mas passamos cinco meses na UTI vendo milagres diários. Ela fez uma cirurgia que na primeira semana de vida um neurocirurgião dissera que era uma possibilidade absurda e nem mesmo registrou sua avaliação no prontuário dela - tamanho o desinteresse pelo seu caso.

No entanto, o absurdo aconteceu e ela enfrentou corajosa cada desafio. A criança que todos diziam que não sentia nada e era só “reflexos” aprendeu a mamar, nunca aspirou leite, o refluxo que diziam que era de origem neurológica e sempre existiria passou assim que ela chegou em casa.

andando de balanço - dez. 2010

Ah! Receber aquela bebezinha pequenina e doce em meus braços e trazê-la para casa foi um presente inigualável e maravilhoso. Tudo foi tão surpreendente e imprevisível que os médicos já não ousavam fazer previsões, muito menos previsões pessimistas. Ouvimos possibilidades como fazer uma nova cirurgia entre 5 e 8 de idade, se fosse necessário. Ela parecia tão decidida a viver e estava tão impressionantemente estável que tínhamos que nos preparar para tudo, para amá-la e acolhê-la durante todo o tempo que ela ficasse conosco.


Vitória na praia - dez. 2010


Vitória na praia - dez. 2010
O ano passou tranquilo e feliz, passamos um natal especial com aquela bebê que crescia linda, que comia papinhas, chorava, tentava engatinhar se arrastando, adorava dormir recebendo carinho e abraços. Também enfrentamos desafios, preconceitos, dificuldades, mas tudo se tornava pequeno perto da sua presença especial. Vieram os dentinhos, que deram bastante trabalho, ela cresceu muito, estava uma criança grande, forte, linda.

Mas no final de 2011 ela adoeceu inesperadamente e nosso coração ficou despedaçado ao ver a nossa menina sofrer sem saber como ajudá-la, como protegê-la e depois de tantos meses de felicidade ressurgiu o medo de perdê-la. De um dia para o outro ela acordou reclamando muito e ficando pálida e abatida, corremos para o hospital e à noite ela entrou em choque e foi para a UTI em estado gravíssimo. Todos achavam que ela não sobreviveria ou ficaria com sérias sequelas. Mas Deus deixou-a conosco contra todas as expectativas, mais uma vez. Fez com que ela se recuperasse e a devolveu aos meus braços. Ela foi recebida com muita alegria, muito carinho, beijos de gratidão e alívio.

Tivemos pouco tempo para respirar aliviados, e 2012 chegou com um novo susto, quando na véspera de Reveillon ela começou a ficar estranhamente inquieta. Dia 1º de janeiro estávamos no hospital. Ela parecia se sentir mal, com espasmos que ninguém sabia dizer de onde e por que vinham. Diagnosticaram como crises convulsivas e a possibilidade de uma nova infecção foi descartada, com base nos exames. Para no dia seguinte ela entrar em choque séptico inesperadamente, debaixo dos olhos dos médicos da UTI. Uma evolução rápida, e inesperada que pegou a todos de surpresa. Vivemos os dias mais difíceis de nossas vidas.

Dezembro de 2011 - Taquara - RS
Mas ela se recuperou mais uma vez, respondeu rapidamente a todas as medicações que recebeu e voltou para casa em apenas 10 dias – mais uma vez surpreendendo a todos no hospital em ver uma menina forte e cheia de vida e de reações. Porém doeu demais vê-la sofrer e passar por procedimentos invasivos e dolorosos, como intubação, passagem de cateter, sedação, sondas... tudo aquilo foi retirado rapidamente, mas guardei em meu coração o sentimento de que ela não merecia e não precisava passar por tudo aquilo mais uma vez.

Porém a preocupação e o medo passaram a rondar nossos corações com a possibilidade de perdê-la, de vê-la sofrer, de não conseguirmos cuidar dela como ela necessitava. Vieram as infecções urinárias recorrentes e ninguém sabia nos dizer com certeza o que fazer para evitá-las. Foram momentos difíceis, confusos, apreensivos... Não havia mais certezas e a única coisa que me parecia certa era que tinha que amá-la de todo o coração em meio às adversidades, e que devia entregar a sua vida nas mãos de Deus o tempo todo.

Nessas horas tudo que podemos fazer é amar e lutar. Não há o que questionar, não há tempo para lamentar porque estamos ocupados demais amando e lutando junto com uma pequena guerreira. Corremos atrás de tudo que era possível para tratar infecções urinárias, diferentes medicamentos, alimentação, sucos naturais, mudanças na higiene. Mas tudo foi ineficaz. A levamos muitas vezes ao pronto-socorro por qualquer comportamento estranho ou irritação, por qualquer suspeita de infecção, com o temor de que uma nova sepse acontecesse. Passamos a fazer exames todas as semanas, muitos telefonemas para a pediatra dela para passar os resultados, idas até o seu consultório pegar receitas de antibiótico. Mas ela sempre estava bem, apesar de tudo, e as infecções iam embora rapidamente assim como chegavam.

maio de 2012


Finalmente em junho ela foi internada para tratar uma infecção que a deixou realmente prostrada, e um uropediatra prescreveu o uso de sondas de alívio para esvaziar a bexiga. Ficamos muito aliviados em encontrar uma solução que ajudaria a prevenir eficazmente as infecções.

maio de 2012

Nós pedimos incessantemente a Deus que fizesse o melhor para ela, desde o início. Eu sabia que jamais teria a capacidade de cuidar dela sem a direção e as forças de Deus. Quando muitos dizem que nem todos têm a estrutura emocional e para cuidar de uma criança especial, realmente acho que é verdade. Vou mais além. Ninguém tem essa estrutura emocional e condições de encarar os desafios de amar, criar e educar um filho, com ou sem necessidades especiais... sem que Deus dê força e direção. E Ele a dá, eu creio, mesmo a quem não crê nele, mesmo a quem não o busca de uma maneira convencional, creio que a vida e a força vêm do seu amor incondicional por nós. Eu jamais teria condição. Se pensasse em ter uma criança especial, ficaria pasma, pensaria, isso não é para mim, não sei o que eu faria. Mas é fácil dizer isso quando não estamos com o nosso filho no ventre ou nos braços. E as forças surgem sabe-se lá de onde, quando deixamos de olhar para nós e olhamos para aquele pequenino bebê que precisa de nós.

Sempre deixei a Vitória em suas mãos e Ele sempre me ajudou a cuidar dela. E chegou o dia em que Ele veio buscá-la e pediu que entendêssemos e confiássemos que seria o melhor para ela. Foi o que eu senti em meu coração. Nós confiamos. Com o coração partido e em lágrimas, vivemos o momento que pensávamos que jamais chegaria, quando nós a entregamos em suas mãos e a deixamos ir junto com Jesus. Simplesmente aceitamos e a deixamos partir. Confiamos que Deus estava ali respondendo nossas orações pelo seu bem, pela sua cura, pela sua felicidade. Ele a deixou ser feliz conosco por um tempo maravilhoso, deixou-nos conhecê-la, amá-la, zelar por sua vida, mas chegou a hora de partir. Ou de chegar...

Quando encerramos o sepultamento de seu corpinho na terra, quando dissemos o último adeus e cobrimos seu túmulo com flores, eu senti muita paz. Senti que finalmente tinha cumprido a minha missão, tudo que me fora proposto. Com a graça de Deus.

Mesmo com limitações e desafios ela foi uma criança feliz e amada. Nos meses mais difíceis, quando ela começou a adoecer, ela nos presenteou com seus mais belos sorrisos, com seus olhares inexplicáveis de uma criança que, aparentemente, não tinha a visão, mas parecia estar o tempo todo enxergando com os olhos da sua alma... Uma criança que não tinha a comunicação verbal, mas que nos falava com os seus olhos, com seu rostinho perfeito e rico em expressões, com seu corpinho roliço e delicado cheio de gestos e palavras não pronunciadas... Uma criança que nos consolava e fortalecia sempre que a amávamos, que nos encorajava toda a vez que segurávamos sua mãozinha delicada e macia. Que nos abraçava a todo o momento com seu coração pequenino e puro.  Quantos abraços recebemos!



Este ano, dezembro de 2012, ela já não está mais aqui com a gente. A sua ausência dói. Ela está sempre em nossos corações, em nossos sonhos - e nesse sentido, um filho nunca morre, porque jamais morrerá nos pensamentos, emoções e lembranças de seus pais. Mas ela não está aqui, não como ela esteve nos últimos três anos.

Porém quando ela chegou em nossas vidas, nos contou um segredo. Quando estávamos apavorados e aflitos com o diagnóstico de acrania e com as palavras incompatível com a vida, e os conselhos alarmantes de alguns médicos, eu também quis ouvir o que ela tinha a me dizer, com seu coração. Aprendemos com ela o poder de agradecer. Agradecíamos diariamente pela sua vida, pelo privilégio de sermos seus pais, sem pensar que poderíamos “perdê-la” um dia, sem pensar que poderíamos sofrer. Mas agradecemos por todas as coisas boas que estávamos aprendendo e vivendo com ela. Agradecemos tanto, e ao aceitá-la e recebê-la com muito amor e gratidão, ela se tornou nossa para sempre.

novembro de 2012 - Canela, RS

Por isso eu decidi continuar a agradecer. Agradecer pelos 3 anos lindos e inesquecíveis em que ela esteve aqui comigo. Por todos os momentos felizes e belos que vivemos. Agradecer pelo privilégio de ela ter nascido, de ela existir e ser minha filha. Agradeço a Deus pela história que vivemos. Nem tudo foi bom. Em alguns momentos ela sofreu, e nós sofremos juntos. Nenhum pai quer ver seu filho sofrer. Mas receio que querer proteger seu filho de todo o sofrimento possível pode ter efeitos desastrosos. É só olhar para o mundo e ver quantas pessoas são incapazes de lidar com frustrações e perdas, incapazes de perdoar os outros e a si mesmas. Aprendemos muito com estes momentos de sofrimento. Amadurecemos muito. Nos tornamos mais solidários e compassivos diante do sofrimento dos outros. Aprendi muito mais a importância de não julgar, de respeitar, de ouvir. De tentar me colocar no lugar do outro. De amar. Não somos perfeitos e estamos a anos luz de distância de o sermos. Mas estranhamente, eu me sinto mais completa e feliz, por ter vivido tudo o que vivi.

Não vou lamentar o que não mais viveremos aqui com ela, porque há tanto a agradecer pelo que foi vivido. E como ela sempre seguiu em frente contra todas as adversidades, eu quero seguir em frente como ela. Ela partiu decidida e em paz, deu-nos o tempo de entender e nos despedir, e nós a deixamos ir. Porque a amamos de todo o nosso coração, nós pudemos deixá-la partir. E agora podemos seguir em frente, também em paz.

Ela não está aqui vivendo momentos especiais com a gente, as festas, os passeios, as viagens... Mas eu carrego em meu coração a fé de que ela está vivendo coisas maravilhosas com Jesus. Que no momento em que seu coraçãozinho parou aqui nesta terra, Jesus a estava recebendo nos céus. Que ela recebeu um forte e amoroso abraço e um grande sorriso e ouviu Jesus lhe dizer: Bem-vinda, minha querida, como eu esperei pela sua chegada! Como eu te amo! Eu dei a minha própria vida para você estar aqui. Como valeu a pena!






Desejo a todos os queridos amigos e leitores do nosso Blog um feliz 2013, cheio de alegria, realizações, aprendizado, saúde e paz!
Que cada um encontre seu caminho de felicidade e possa andar perto de Deus.
Sou imensamente grata por cada amizade, cada comentário, cada manifestação de carinho e desejo que Deus abençoe a vida de todos os que nos lêem!

Com muito carinho,
Joana e Marcelo
Em amorosa memória da princesinha Vitória de Cristo

nós, novembro de 2012 - Canela, RS (e nossa menininha em nossos corações)



* Citações bíblicas - tradução NVI : para reler os versículos de onde foram extraidos, compreendendo melhor todo o contexto, consulte a Bíblia online

Weissheimer, Vera Cristina. "Eu vi as tuas lágrimas": amparo e consolo no sofrimento, p. 102. Ed. Sinodal, 2009.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Como foi nossa ida ao Hemocentro

No último sábado, (01/12), conforme havia colocado aqui no blog, fomos ao Hemocentro da Santa Casa de São Paulo. Lá é o único Hemocentro na cidade de São Paulo onde é possível se cadastrar como doador de medula óssea. (para doar sangue há vários endereços). Deu tudo certo e nos cadastramos como doadores. Eu também pude doar sangue - o Marcelo ainda não pôde devido a um exame que fez recentemente.

Infelizmente nenhum amigo virtual do blog ou Facebook apareceu por lá. Mas a divulgação foi feita, espero que possamos ter encorajado amigos e leitores que ainda não são cadastrados a se informarem sobre essa possibilidade e se organizarem para doar.

Quem tiver interesse, fiz um pequeno relato de como foi, pra variar bem detalhado (risos!).

Chegamos umas 10h15, já havia bastante gente e fiquei feliz em ver muitos grupos de voluntários. Aguardamos uns 15 minutos até sermos chamados pela senha, depois levou mais uma meia hora entre fazer um teste de anemia e a entrevista, e mais uns 15 minutos até sermos chamados para a coleta. Quando já estávamos terminando, um casal de queridos amigos, André e Rita Caputo, chegou para também se cadastrar e doar sangue e foi muito legal bater papo enquanto aguardávamos a vez deles. Eles chegaram mais próximo ao início da tarde e enfrentaram uma fila bem maior, então imagino que quanto mais cedo você chegar, mais rápido será o processo todo (pelo menos aos sábados).

Eles servem um lanchinho bem básico após a doação e há um filtro com água para beber à vontade. Quem quiser se organizar, recomendo levar mais alguma coisinha para comer na volta para casa e uma garrafinha para abastecer com água. Você também deve esperar pelo menos uma hora antes de dirigir para ir embora.

Minha pressão baixa um pouco quando estou doando sangue (isso já aconteceu em outra vez que doei), mas realmente é algo passageiro e é bom evitar ficar de pé ou fazer muito esforço no restante do dia. Ao meu lado havia uma senhora que é doadora de sangue desde 1978 - uau! A enfermeira que nos atendeu foi super simpática. Comentamos sobre a nossa amada Vitória e como ela é nossa grande motivação para estarmos ali. O Marcelo pra variar sempre mostra as lindas fotos que tem dela no celular.

Ficamos sabendo também que há uma grande necessidade de doadores de plaquetas - esse componente do sangue dura apenas quatro dias após a doação, então geralmente eles entram em contato com doadores voluntários quando há necessidade para os pacientes. Muitos pacientes da quimioterapia infantil que fica ali ao lado do Hemocentro necessitam de doação de sangue e de plaquetas. Sem falar no transplante de medula - a Santa Casa é referência nesse tipo de tratamento. Para ser doador de plaquetas, a pessoa precisa ter uma veia bem calibrosa em cada um dos braços (não é meu caso), e o processo da doação leva cerca de uma hora a uma hora e meia. É um grande gesto de amor e solidariedade!

Foi especial pensar em quantas pessoas que doaram sangue desta mesma forma, e que ajudaram a Vitória quando ela esteve internada. Isso me fez ficar ainda mais grata. Não é algo simples. Não é como ir à farmácia e comprar um remédio. Você precisa se deslocar até um grande hospital. Você precisa pegar uma fila, passar por uma entrevista e falar sobre sua vida. Depois você leva uma picada chata com uma agulha e dói (um pouco mais do que a agulha para coletar sangue em laboratórios). Você fica algum tempo lá sentado enquanto seu sangue abastece uma bolsa de 450 ml, abrindo e fechando a mão. Sua pressão pode cair um pouco depois de doar o sangue e precisa esperar mais um pouco antes de ir embora enquanto toma bastante água para recuperar o volume de líquido perdido. O braço também fica dolorido por um ou dois dias. É realmente um gesto de amor muito precioso e agradeço de todo o coração a todos que são doadores de sangue e que doaram sangue em nome da nossa amada Vitória. Seu gesto fez uma imensa diferença na vida dela, muito obrigada!

Meu intuito não é desencorajar ninguém com este relato franco - sei que algumas pessoas morrem de medo e têm pavor de sangue e de agulha, e ninguém deve se sentir forçado a fazer nada. Mas espero relatar aqui que é um gesto de solidariedade e de sacrifício (pequeno) para ajudar uma outra pessoa. Às vezes é difícil parar e encontrar tempo para ir até o centro da cidade e vivemos sempre tão acelerados e atribulados. Eu poderia ter feito isso muito antes e não fiz.

Também poderia ter me cadastrado como doadora de medula óssea há uns 10 anos e não fiz - eu nem sabia que isso era possível, e somente há pouco tempo comecei a ver campanhas sobre doação de medula nas redes sociais. Agora que nos cadastramos, penso: por que não fizemos isso antes?! Por isso acho que a divulgação e o incentivo sobre doação ainda precisam ser mais intensos.


  • Outras informações importantes


  • No site da Fundação Pró-Sangue, atualmente os estoques de bolsas de sangue dos tipos O+, O- e B- estão muito baixos, e o de A- está baixo. Então fica mais um convite para quem tem estes tipos sanguíneos, que pode ser doador e o deseja, para doar!
  • Quem deseja entender melhor como é a doação de medula óssea e como se cadastrar, pode visitar Pesquisa sobre Doação de Medula Óssea, com várias informações e link para uma pesquisa onde você também pode fazer um pré-cadastro ao final, e Leucemia Zero no Brasil (ambas no Facebook), onde você pode ver quantas pessoas ainda estão a procura de um doador compatível, lutando pela vida.
  • Há também  grande necessidade de doadores de plaquetas.  Para isso, além de a pessoa atender todos os requisitos para a doação de sangue, ainda precisa ter uma veia bem calibrosa em cada um dos braços e disponibilidade de tempo. O processo da doação leva cerca de uma hora a uma hora e meia (é feito com agendamento). Na ocasião da doação de sangue ou cadastro de doação de medula você pode informar que gostaria de tentar ser doador de plaquetas.
  • Além dos requisitos normalmente divulgados para ser doador de sangue, existem outros menos divulgados e alguns critérios mudam esporadicamente. Por exemplo, quem fez exames como endoscopia e colonoscopia precisa esperar 6 meses para doar sangue; quem está em tratamento dentário não pode doar e tem que esperar uma semana após o término. Quem fez pequenas cirurgias também tem que esperar entre 6 meses a um ano. Na dúvida, é bom ligar para se informar. Mas para se cadastrar como doador de medula estes não são impeditivos. (Ver os requisitos na postagem Doação de Sangue e Medula Óssea)

Um lindo tesouro no céu

Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração. Mateus 6:20-21



Uns dias atrás saí sozinha de carro para ir ao dentista. Estava um dia lindo de sol, e fui ouvindo uns louvores que ouvíamos ainda na gestação da Vitória. Foi estranho sentir a falta dela de uma forma tão intensa quando olhei para o banco de trás e vi o cantinho onde ela ficava em sua cadeirinha quando íamos à fisioterapia. Tudo vazio, em silêncio.


O espelhinho que eu deixava sempre aberto para olhar para ela, agora fica abaixado. Eu me sentia tão orgulhosa quando saía com ela! Ela ficava tão linda sentadinha, e eu via seu rostinho pelo espelho, uma mocinha. Minha princesa. À medida que ela foi crescendo, ela inventou de não querer mais ir na cadeirinha, e eu passava alguns apertos (risos). Às vezes eu conversava com ela, lhe explicava que era necessário ela ficar na cadeirinha, que era mais seguro, que eu estaria dirigindo e a tia Cida estaria com ela ali atrás. Algumas vezes ela realmente ficou mais calma e colaborou, especialmente no começo dessas conversas. Em outras não teve jeito, ela de fato não gostava e algo lhe incomodava em ficar presa com o cinto. Mesmo que eu fechasse o cinto da cadeirinha ou do carrinho bem devagarinho sem que ela percebesse, dali a pouco ela ia com as mãozinhas diretamente no cinto e ficava puxando, tentando tirar. E brava. Ela não gostava de nada lhe apertando (e eu também era assim quando criança, incrível, não?)




Enquanto eu dirigia ao som das canções, lembrava como aprendi a dirigir exclusivamente por causa dela. Eu tinha um verdadeiro pânico de dirigir, ficava nervosa, me atrapalhava, e mesmo tendo habilitação fazia de tudo para evitar pegar um carro e aprender pra valer. Mas por ela, valia a pena aprender o que fosse preciso, superar qualquer medo, pedir ajuda e treinar. Muitas vezes achei que não conseguiria, que era impossível superar essa dificuldade. Muitas vezes eu chorei e achei que estava tudo perdido. Que eu não era capaz de cuidar dela como ela precisava, e que era uma irresponsável em engravidar sem saber dirigir. Hoje eu rio dessas situações. Mas se ela estava ali comigo, tudo era possível e eu também podia me superar!

Aos trancos e barrancos aprendi - ainda tenho meus receios, não saio de casa sem ver todo o itinerário certinho no mapa, fico tensa se vou para lugares novos... mas acho que não estou tão mal assim.

Graças a minha gatinha. Ela se foi, mas quantas coisas boas ela me deixou! Isso certamente é algo pequeno, mas o que ressalto aqui são as coisas que ela mudou no meu coração. Há uma parte que dói e vai sentir saudades para sempre e nunca estará completa até reencontrá-la. Mas há outra parte que aprendeu com ela que é possível ser forte mesmo quando somos fracos. Que vale a pena seguir em frente e que nossa felicidade não depende de tudo ser perfeito. (Aliás, se esperamos por isso, como seremos infelizes!) Como eu mudei por causa dela, como valeu a pena lutar junto com ela e crescer com ela.

De vidros fechados e uma música que ajuda a elevar nosso coração a Deus (e saindo com bastante antecedência de casa!), também aprendi a não ficar tensa e irritada com o trânsito absurdo de São Paulo. Passei por muitos lugares por onde passava junto com ela, em nossas maratonas de médicos e terapias. E enquanto dirigia, ia cantando, adorando a Deus e lhe agradecendo. Reafirmando que sempre vou amá-lo e segui-lo. Meu coração se encheu de paz. E senti que Deus estava feliz por mim, como que me dizendo: "É tão bom te ver bem, sentir seu coração em paz".

Não é fácil seguir sem minha amada bebê junto comigo. Mas Deus nunca nos abandonou. Ele é o mesmo que sempre esteve ao nosso lado, e sempre estará. Isso me basta para continuar.






Às vezes me surpreendo com a forma como as pessoas falam tanto sobre termos mais um bebê, como se isso fosse uma solução mágica para preencher essa imensa saudade.

Nós sempre quisemos ter mais de um filho, antes mesmo da Vivi, e mesmo quando ela estava conosco, e ainda queremos, se Deus permitir, lhe dar um irmãozinho(a) ou mais de um. Mas tem sido muito especial me dar esse tempo necessário para chorar pela minha filha que partiu, para cuidar de mim mesma, cuidar do coração, das emoções, organizar a vida, e também descansar. E quando chegar o momento, quando Deus enviar um irmãozinho(a) para ela, poder me dedicar totalmente para mais esse presentinho de Deus, oferecendo a ele(a) o meu melhor. Como fizemos com nossa princesinha.

Às vezes acho que sinto um pouco de ciúmes por ela, com receio de que as pessoas a esqueçam, ou prefiram seu futuro irmãozinho(a), tamanha é a insistência. Já ouvi e li alguns comentários chatos, como "sua filha foi uma provação de Deus, mas o seu próximo bebê vai ser perfeito", "você pode ter outros filhos normais?", ou quando estou contando sobre como foi me despedir de minha filha "ah, mas você vai ter outro bebê, vai ser lindo!". E a pergunta que mais tenho ouvido recentemente é "vocês pretendem ter outro filho?". 

É claro que sim, por que não pretenderíamos? Mas, talvez somente outras mamães de anjos entendam isso, minha princesinha era perfeita, linda e normal. Mais do que as pessoas possam imaginar. Mais do que elas possam compreender.

Sou muito grata por todos os votos de termos mais filhos, por saúde para eles, por bênçãos e realizações na nossa vida em todos os sentidos. Sei que a maioria dos comentários vêm de corações muito sinceros e amorosos e isso é muito especial. É natural também a curiosidade das pessoas e é bom que sejam espontâneas e próximas. Mas às vezes (nem sempre), alguns comentários me incomodam um pouco. Fico pensando se as pessoas chegariam para uma mulher que acabou de perder o marido e lhe perguntariam: "você pretende casar de novo?" Ou quando ela estivesse chorando de saudade de seu companheiro que partiu há bem pouco tempo, alguém lhe dissesse: "Não chore, arranje outro marido!" Sei que a comparação não é perfeita, que filhos são diferentes de cônjuges, mas essa tendência que as pessoas têm de querer fugir da dor oferecendo uma substituição não faz muito sentido para mim. Tudo tem seu tempo e cada um tem seu tempo. E o amor por cada filho é único e insubstituível.



Muitas pessoas foram realmente tocadas com a vida da Vitória, e com toda a nossa história com ela, de amor, de fé e superação. É natural desejar todo o melhor para uma família que viveu tantos desafios e pôde enxergar amor, alegria e aprendizado em tudo isso. Eu já fiz isso muitas vezes, desejando muitas bênçãos, consolo e vitórias para pais que perderam um bebê.

Mas hoje, quando leio algum comentário de alguém dizendo que Deus vai nos recompensar por tudo o que vivemos (esse comentário também é frequente), paro e penso: Ele já nos recompensou! Não houve recompensa maior do que viver 9 meses com minha filha em meu ventre e mais 2 anos e meio junto com sua companhia, em poder amamentá-la, trazê-la para casa, deitar juntinho dela, em poder acalentá-la e vê-la se acalmar junto ao meu peito. Em podermos abraçá-la, o Marcelo e eu, e gritar: FAMÍÍÍLIA, e vê-la suspirar de alegria, toda dengosa. Em poder ter a certeza do quanto ela sentia, entendia e sabia que era amada. Em poder vê-la sorrir e andar de skate. Em aprender a enxergar além das aparências e imperfeições, percebendo o quanto fomos imensamente abençoados em tê-la como filha. E em poder entregá-la nos braços compassivos de Jesus, confiando que a partir daquele momento Ele cuidaria dela para mim.


A maior recompensa virá no dia em que eu puder reencontrá-la no céu e conversar com ela... e ouvir suas palavras e saber todos os detalhes especiais dessa história. Quantas vezes os anjos do céu observaram atentamente nossas brincadeiras e sorriram junto com ela? Quantas vezes Deus interviu no rumo da história por meio de todas as nossas orações? Quantas vezes Ele também chorou ao nos ver chorar, e mandou seu Espírito Consolador?

Deus enviou Jesus a este mundo para revelar o seu imenso amor por nós, e para morrer no lugar da minha princesinha, para lhe dar um novo corpo perfeito. Não existe recompensa maior!

No fundo, o que eu penso é que eu não perdi uma filha. Eu ganhei uma filha para a eternidade. Tenho um tesouro no céu.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Doação de Sangue e Medula Óssea

Queridos amigos, no próximo sábado de manhã, nós vamos até o Hemocentro da Santa Casa às 10h para doar sangue e nos cadastrar como doadores de medula óssea (o cadastro é feito apenas retirando uma amostra de sangue). Gostaria de convidar quem nos acompanha aqui no Blog, que é de São Paulo, que ainda não é doador e pode ser, a ir conosco.

É algo que há tempos já queria fazer, por dois motivos. Quando nossa Vivi esteve na UTI, ela precisou receber várias transfusões de sangue e soubemos o quanto esses pequenos gestos fazem muita diferença em uma vida (e para quem doa é apenas um pequeno desconforto passageiro). Além disso, desde que ela nasceu passei a ter contato com muitas histórias de outras crianças enfrentando outros desafios, que necessitam de transfusões e transplantes de medula óssea, e passei a entender melhor a importância inestimável dessa ajuda.

Nossa princesinha precisou receber concentrado de hemácias várias vezes em seus primeiros meses de vida, pois ficava com anemia facilmente. E também durante a cirurgia de fechamento do crânio, pois um bebê não aguenta perder muito sangue em uma cirurgia. Felizmente sempre havia essa maravilhoso tratamento disponível e ela melhorava 100% com isso. Uma hora estava pálida, cansada e abatida, e depois que recebia as hemácias ficava rosinha, respirando super bem e cheia de vida. Graças a Deus depois que ela cresceu a atingiu um bom peso nunca mais teve anemia. Ela veio para casa se alimentando super bem e até o dia em que Deus a chamou estava forte.

Quando ela estava na UTI Neo, nós pedimos ajuda de amigos e familiares aqui do blog para repor o sangue que ela havia recebido, e ficamos muito felizes quando o médico que acompanhava as transfusões nos disse que mais de 30 pessoas já haviam doado sangue para ela - e acho que muitos mais doaram até o momento da alta dela. Acredito que todos fizeram isso pelo amor e carinho que tinham por ela, e pelo quanto torciam para que ela ficasse bem e viesse para casa (e na época o blog tinha pouco mais de 100 seguidores).

A história dela motivou as pessoas próximas a criarem disposição e coragem de doar. Mas na verdade, o sangue que ela recebeu foi de outros amigos anônimos que já haviam doado o sangue, que nunca saberemos quem eram.

E o sangue que foi doado para o nome dela por tantos amigos, na verdade não ajudou a ela, que já havia recebido sangue antes. Mas a outras crianças, jovens e adultos anônimos que os doadores jamais conhecerão.

Isso tudo me ajuda a pensar que esta doação irá ajudar pessoas que desconheço, que devem ser crianças lindas e preciosas como nossa Vitória, ou jovens e adultos com uma história de vida única e cheios de sonhos. Por mais que eu divulgue aqui que estarei doando (e só estou fazendo isso para poder motivar outras pessoas a fazerem o mesmo), essa ajuda ficará sempre anônima. Mas fará muita diferença para quem está lutando pela vida em uma situação difícil de internação hospitalar.

Nos meses de dezembro e janeiro os estoques de sangue caem a níveis críticos pois as pessoas costumam viajar e se envolver nas festas de fim de ano, e ao mesmo tempo devido a época de férias aumenta o número acidentes nas estradas e pessoas que são internadas.

Mesmo para quem não pode ser doador de sangue, (pois existem alguns critérios), o processo para se cadastrar como doador de medula é bem mais simples. Infelizmente é muito difícil encontrar um doador compatível (uma chance para cem mil a um milhão), portante é realmente um grande privilégio ser compatível e poder ajudar alguém.

Por isso gostaria de convidar quem mora em São Paulo e quiser ir conosco! Será uma ótima oportunidade para encontrarmos amigos do Blog, e quem sabe tomar um cafezinho ali por perto depois. Publiquei um recado no Facebook essa semana e infelizmente ninguém confirmou ainda que poderá ir com a gente, mas de qualquer forma o recado está dado aqui também. Quem não é de SP e quer doar, veja os links informados abaixo com os endereços dos Hemocentros.

O endereço para se cadastrar em São Paulo:
(para doar sangue e ao mesmo tempo se cadastrar como doador de medula) 
Santa Casa - R. Marquês de Itu, 579 - Vila Buarque - São Paulo
Telefone: (11) 2176-7000 / 0800-167-055 - há estacionamento no local.
Saiba como chegar: Google Maps

estaremos lá neste sábado, 1º/12/2012 às 10h

Seguem abaixo os critérios de doação e links de informativos mais detalhados:

Para ser doador de medula óssea:

  • Para se cadastrar como doador voluntário de medula óssea é preciso estar com boa saúde, ter entre 18 e 55 anos e sem antecedentes de câncer.
  • Diabéticos podem doar;
  • Pessoas grávidas ou amamentando podem doar;
  • Pessoas que têm pressão alta podem doar;
  • Não há nenhuma restrição quanto a meningite, anemia ou hepatite 'A' que a pessoa tenha tido anteriormente;
  • Não há peso mínimo;
  • Pessoas que têm tatuagem podem doar.
  • O transplante de medula óssea é indicado para pacientes com leucemia, linfomas, anemias graves, imunodeficiências e outras 70 doenças relacionadas ao sistema sanguíneo e imunológico. 
  • Os doadores devem preencher um formulário com dados pessoais; 
  • É coletada amostra de sangue de 10 ml para o teste de tipagem, esse verifica a compatibilidade do doador com o eventual receptor.
Fonte: HemoBlog

Para saber mais:


Para ser doador de sangue:

Requisitos básicos
  • Estar em boas condições de saúde.
  • Ter entre 16 e 67 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos, é necessária autorização dos responsáveis).
  • Pesar no mínimo 50kg.
  • Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas).
  • Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação).
  • Apresentar documento original com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social).

Impedimentos temporários
  • Resfriado: aguardar 7 dias após desaparecimento dos sintomas.
  • Gravidez
  • 90 dias após parto normal e 180 dias após cesariana.
  • Amamentação (se o parto ocorreu há menos de 12 meses).
  • Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação.
  • Tatuagem nos últimos 12 meses.
  • Situações nas quais há maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis: aguardar 12 meses.
  • Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins são estados onde há alta prevalência de malária. Quem esteve nesses estados deve aguardar 12 meses.

Impedimentos definitivos
  • Hepatite após os 11 anos de idade. *
  • Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas.
  • Uso de drogas ilícitas injetáveis.
  • Malária.
Fonte: Fundação Pró-Sangue

Saiba mais:

sábado, 24 de novembro de 2012

Uma noite estrelada de lembranças



Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá. 
Mesmo que eu dissesse que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz. 




Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. 
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. Salmos 139:7-16



Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.
Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite.
Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz.
Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Salmos 19:1-4



Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!  Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita. Salmos 16:7, 9, 11



É estranho beijar o vidro de um porta-retrato ou acariciar uma foto. Apertar um cordão contra o peito ou cheirar uma peça de roupa. São coisas que só quem perdeu alguém que ama pode saber o que é. À medida que o tempo passa, a saudade aumenta. As lembranças ajudam. Não curam a saudade, mas confortam de alguma forma.

Lembro quando ela dormia tranquila em seu berço e eu ia até lá, lhe dava um beijinho e acariciava seu rosto. Ela se mexia suavemente e continuava em seu sono. Ela dormia bastante, desde pequenina. Aprendemos a respeitar seu tempo, seu ritmo e seus limites. Gostaríamos de tê-la mais vezes acordada a brincar, é o que se idealiza para uma criança. Mas desde o início soubemos que deveríamos amá-la exatamente como ela era, e deixá-la nos maravilhar como era, em vez de criar expectativas idealizadas. Como ela nos surpreendeu!

Éramos muito gratos por tê-la a dormir em paz e tranquila pertinho de nós. Por ver sua graciosidade ao acordar. E, ah, os momentos em que ela brincava conosco... eram mágicos. Ver seu sorriso era como ver, por um rápido vislumbre, uma fresta do céu através dos seus olhos.

Mas mesmo quando ela dormia, sua presença enchia a casa e nos alegrava. Acho que havia muitos anjos ao redor de seu berço quando ela dormia. Acho que a pureza da sua alma, sua doce presença e o imenso amor de Deus por sua vida enchiam a casa de anjos, de amor e de paz. É impossível descrever perfeitamente. É surpreendente como esta experiência pode ser absurdamente diferente do que o senso comum imagina. 

Aquela velha história de "meu Deus, que tristeza, quanto trabalho, quanto sofrimento” (por se ter um filho com deficiência), de nutrir o sentimento de pena e lamentação, isso não passa de senso comum. Existem desafios, mas existem alegrias que muitos desconhecem.

Cada experiência é única e tudo que podemos fazer é trocá-las, dividi-las, somá-las e aprender. Isso é muito melhor do que tomar algo por absoluto e categorizar todo mundo dentro de uma caixa de sofrimento, como se costuma fazer. São algumas considerações em que eu penso às vezes.

Mas deixando as considerações e voltando para o início desse escrito. Hoje só posso beijar um porta-retrato e não seu rosto macio. Só posso segurar minhas lembranças e não sua mão delicada e quente. Hoje só posso seguir em frente e tentar viver, reencontrar ou criar novos sentidos, acordar, trabalhar, viver, dormir... é tudo um pouco estranhamente comum e rotineiro.




Volta e meia encontro algumas comparações para o que vivemos com nossa amada.

Penso que sua vida foi como um dia de sol – e como os dias de sol eram maravilhosos com ela! Ela brilhou intensamente, mas chegou o tempo de descansar. Para nós veio a noite da sua ausência. 

As pessoas gostam de dizer que quando alguém morre vira uma estrelinha. É um jeito poético de falar da morte, especialmente para crianças. Confesso que nunca vi muito sentido nessa explicação. Afinal uma estrela fica parada e imóvel no céu, inanimada. Como assim, a pessoa vira uma estrela?

Mas talvez agora, nos meus pensamentos profundos, nas minhas reflexões que me levam para longe e me ajudam a organizar as emoções confusas, o passado e o presente em gavetinhas especiais do meu coração, talvez agora eu encontre algum sentido para essa comparação.

Dizem que as estrelas que nós vemos são a luz viajando pelo espaço durante milhares de anos... um brilho que já passou, de estrelas que já morreram. Alguma coisa assim, não é?

Agora tudo que temos é esse brilho que ainda persiste em iluminar nossa vida, mas é um brilho distante, perdido, das suas lembranças. Como a lua que simplesmente reflete o brilho do sol. Um brilho que não tem calor mais ainda assim aquece o coração. E por mais que se encontrem direções e respostas espirituais, a morte é ainda, neste mundo, uma grande e interminável ausência.




Dentro dessa dura ausência, a fé é uma esperança e um presente que surge de um relacionamento com Deus. Muitos querem crer, mas não conseguem, porque não é simplesmente seguir uma doutrina, praticar uma religião, acreditar em algo. Acho que é muito mais do que isso - mais simples e mais profundo. Não tem nada a ver com um deus menor, mudo, volátil e imóvel dentro de um livro de dogmas - esse deus, para mim, realmente não existe! É uma viagem ao coração de Deus - de um Deus vivo que tem um Espírito e um coração, e que tenta se revelar a nós e expressar que nos ama e está próximo, apesar de nossas deficiências que nos impedem de vê-lo, ouvi-lo e reconhecê-lo (como nós tentávamos dizer a Vitória que éramos seus pais e a amávamos mesmo com suas limitações). Nesse sentido todos nós somos miseravelmente deficientes.

São só mais algumas considerações...



Mas o sol dá lugar para noite apenas para poder brilhar em outro horizonte. Se aqui seu coraçãozinho se pôs, creio que foi para poder nascer em outro lugar, com muito mais intensidade. Se aqui é noite, é porque é dia no outro lado do mundo. É porque faz sol em outro lugar. É assim que eu imagino a minha estrelinha reluzindo radiante perto de Jesus, forte, feliz, renovada e serelepe (não imóvel e inanimada!). Para poder nascer lá, era preciso morrer aqui. E daqui só posso ver estrelas e não o dia.

E aqui fico eu, com o brilho distante da sua lembrança. Que ainda é belo ao seu próprio jeito. Como uma linda noite estrelada, imersa no silêncio da saudade dos dias de sol.



Essa estrelinha vai sempre brilhar dentro do meu coração!




* Fotos: Joana Croxato
Citações bíblicas: NVI (extraídas de www.bibliaonline.com.br)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Videos com o papai






Nós damos boas risadas com estes vídeos! Para lembrar momentos felizes e sorrir!

Primeiras semanas de vida






Estes são alguns momentos da gestação da nossa amada Vitória, (nada muito editado, o 2º é um fragmento de um vídeo do aniversário de 1 ano dela, que precisa ser reeditado), mas que nos ajudam a ver o quanto ela já era tão cheia de vida e preciosa. E muito serelepe!




quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Saudades de uma ovelhinha!


Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem; assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem, porque conhecem a sua voz. João 10:4, 14-15 (NVI)


nossa pequena visitante do céu!

"A morte de um bebê nos faz lutar com a vontade e o propósito de Deus. Parece estranho que Deus garantiria a dádiva da vida e, depois, a tiraria antes que ela florescesse em um estágio de utilidade. Mas podemos ter certeza de que há um propósito nessa vida, mesmo que não seja percebido de imediato.

James Vernon McGee diz que quando o pastor tenta guiar suas ovelhas para pastagens melhores, levando-as montanha acima por meio de veredas difíceis e banhadas pelo vento, ele, frequentemente, descobre que as ovelhas não o seguem. Elas temem os sulcos desconhecidos e as pedras pontudas. Então, o pastor vai até o rebanho e pega uma ovelhinha em um braço e outra no outro braço. A seguir, ele começa a subir o caminho íngreme. Logo as duas ovelhas mães começam a segui-lo e, a seguir, o rebanho inteiro começa a escalada. Assim, elas sobem o caminho tortuoso para pastagens mais verdes.

O mesmo acontece com o bom Pastor. Às vezes, ele entra no rebanho e pega uma ovelha para si mesmo. Ele usa a experiência de guiar seu povo, de levantá-los a novas alturas de compromisso enquanto eles seguem a ovelhinha por todo o caminho de casa". (Erwin Lutzer, Um Minuto depois da Morte)*





te guardaremos para sempre no coração!


amor das nossas vidas, sorriso cheio de luz!


Olá queridos amigos!

Essa semana li um livro em que achei algumas palavras muito especiais, citadas acima. Desde o início da gestação da Vivi eu sempre gostei de chamá-la de nossa ovelhinha. Gosto muito dos trechos dos evangelhos em que Jesus se apresenta como um pastor, que vai conduzir suas ovelhas, que vai tratá-las e cuidar delas quando se ferirem e, o mais especial, vai incansavelmente atrás delas quando se perderem no meio do caminho. Ao longo de toda a Bíblia, Deus se apresenta à humanidade como um pastor que cuida do seu povo, e até mesmo dedica um cuidado especial às ovelhas mamães, que amamentam suas crias! Ele ainda afirma que vai repreender e punir aqueles falsos pastores que aprisionam e levam suas ovelhas para caminhos enganosos, os lobos que se disfarçam de ovelhas.


Quando nossa amada filha nasceu, cheguei a escrever sobre isso neste post "Aprendendo a ser ovelha".

Receber a Vitória em nossas vidas foi um processo ao mesmo tempo especial, mas também doloroso, de lidar com a possibilidade da perda, de enfrentar momentos difíceis e de sofrimento, e ao mesmo tempo experimentar um amor intenso, libertador e incondicional. Hoje sentimos tanta falta dela! De acordar pela manhã e abraçá-la bem forte e lhe dizer: "que bom que você está aqui!" como o fiz tantas vezes. De sentir sua cabeça encostar em meu ombro e seus bracinhos me envolverem, sentir seus cabelos macios e perfumados em minha pele... 

Todos os dias eu fazia para ela uma vitamina de frutas e cereais pela manhã, que ela tomava com muito gosto. Depois escovava os dentinhos, limpava os olhinhos, passava soro no nariz, limpava as orelhinhas com óleo e cotonete... como todas as crianças, ela não gostava muito da parte da higiene. Eu tinha medo que ela tivesse uma cárie e caprichava na escovação, principalmente nos molares. A última pasta de dente que ela estava usando era sabor morango (sem flúor) e ela adorava! Ela até deixava eu escovar os dentinhos, mas e quando inventava de mastigar a escova, e no final engolia toda a pasta? rsrsrs 

Mas na hora de limpar as orelhinhas e o nariz ela tentava fugir e empurrava meu braço com seus bracinhos fortes, tentando me pegar com suas mãozinhas. Eu penteava seus cabelos e prendia com uma chiquinha que combinasse com a roupa, cada dia era de um jeito: às vezes uma chiquinha meio para o lado, outro dia duas "maria-chiquinhas" da mesma cor, e outro dia um rabinho para trás e conforme a criatividade e o cumprimento dos seus cabelos permitisse. Tinha que pentear rápido porque ela também não tinha muita paciência e ficava virando a cabeça para os lados - se demorasse acaba ficando tudo torto!


Também lhe dava muito colo, abraço e incontáveis beijos nas suas bochechas. Conversava com ela, perguntava se tinha dormido bem, lhe falava que estava um dia bonito, e via seus olhos cheios de graça e ternura me responderem e seu rostinho expressar gratidão e amor.


Quando estava um tempo bom de sol, passeávamos, outras vezes estava frio e eu a acomodava na "calça jeans" no sofá para ela dormir. Então ia tomar café, dar uma ajeitada na casa para depois preparar seu suco e adiantar o almoço.


Era uma imagem tão maravilhosa ir vê-la de manhã dormindo em sua cama, tão fofinha e confortável, esparramada, às vezes fazendo um ronquinho... Eu lhe fazia um carinho e lhe dizia: oi meu amor, vamos acordar? Ela acordava com uma cara de sono, os olhinhos meio fechados... e eu lhe pegava em meus braços. Ela já estava pesadinha, com 13 quilos, mas graças a Deus eu tinha força, disposição, andava para todo lado com ela em meus braços. Uma força que eu nunca tinha tido e que desconhecia! E quando ela me acordava chorando, ouvia uns gritinhos lá do seu quarto, parecia uma sirene aaahuuu, eu levantava da cama e ia correndo até ela, que estava com a cabecinha erguida e os olhinhos atentos me esperando. E imediatamente quando a pegava ela parava de chorar, e respirava aliviada, me abraçando.

Eram atitudes tão simples, mas maravilhosas, e eu entendo que todos esses meses em que cuidei dela foram muito mais importantes do que qualquer outra coisa que eu pudesse estar fazendo: trabalhando fora, tendo muitas realizações profissionais, ou até mesmo dando palestras ou falando para multidões sobre o amor de Deus. O meu maior gesto de amor por Ele era cuidar de sua ovelhinha especial. Às vezes era cansativo, sentia falta de ajuda e não tínhamos condição de pagar uma pessoa para me ajudar a cuidar dela e eu poder sair mais, fazer as "minhas coisas". É claro que seria bom trabalhar, ter mais recursos, não a levávamos em médicos particulares, viajamos muito pouco, tudo era contadinho. Mas hoje eu entendo como Deus foi bom até mesmo nisso, pois foi maravilhoso eu mesma cuidar dela e viver intensamente cada dia ao seu lado, e cuidar pessoalmente dela nos dias tranquilos e nos dias mais difíceis. Eu tinha toda a vida pela frente, agora posso fazer o que quiser, mas eu sabia lá no fundo do coração que aquele tempo com ela era único e precioso. Foi tudo muito valioso e deixou saudades sem fim!

Se fosse possível eu gostaria de continuar cuidando daquela princesinha por muitos mais anos, enfrentando as dificuldades que fossem... se fosse para vê-la feliz aqui com a gente. Mas hoje, se fosse possível, não escolheria trazê-la de volta. Porque eu creio que ela está ainda mais feliz perto de Jesus em um lugar muito melhor do que este mundo. Tenho seguido um Deus vivo que tem nos respondido de diversas formas, que creio de todo o coração que é digno de confiança e adoração. Um Deus justo e bom. A Vitória sempre foi dele, Ele a criou e a confiou a nós, e ela nos ajudou a perceber que realmente estamos de passagem neste mundo. Tudo que fazemos aqui tem seu valor e suas consequências, mas não deve ser o mais importante a ponto de sufocar nosso relacionamento com Deus e nosso amor a Ele, impedindo-nos de ouvir suas palavras, seu propósito e vontade para nossa vida hoje. A ponto de nos esquecermos que estaremos aqui somente por algumas décadas, e que Jesus tem muito a nos ensinar sobre as coisas espirituais.

Hoje eu tenho mais um motivo para seguir verdadeiramente Jesus, (não seguir pessoas, instituições, religiões ou ideologias, mas somente a Jesus): o fato de Ele ter em seus braços uma linda ovelhinha de olhos ternos e marias-chiquinhas nos esperando no final da nossa jornada. Espero que muitos mais queiram vir conosco nessa caminhada!





sua vida foi um lindo presente!




* LUTZER, Erwin. Um Minuto Depois da Morte, p. 82. Ed. Thomas Nelson Brasil, 1997.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um pouco sobre primavera, lágrimas e palavras



"Como são felizes os que em ti encontram sua força, e os que são peregrinos de coração! Ao passarem pelo vale de Baca (de lágrimas), fazem dele um lugar de fontes; as chuvas de outono também o enchem de cisternas. Prosseguem o caminho de força em força, até que cada um se apresente a Deus em Sião". Salmol 84:5-7


"Digo-lhes que certamente vocês chorarão e se lamentarão, mas o mundo se alegrará. vocês se entristecerão, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria. (...) Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria". (Jesus, em seu último dia de vida na terra, citado por João 16:20; 22)





Queridos amigos!




Primeiramente muito obrigada por todos que continuam acessando o blog, passando por aqui para rever as preciosas lembranças da nossa gatinha e para deixar um abraço e uma palavra de carinho. Me desculpem pela ausência!


Sou imensamente grata por ter tantos amigos especiais que conheci aqui por meio do blog, e receber todo o carinho de pessoas que amam nossa princesinha, que expressam o quanto sentem a falta dela e se alegram conosco com suas lindas lembranças!

Algumas vezes cheguei a vir aqui para escrever e os textos começam a ficar muito longos e acabo não terminando. Fico meio sem saber por onde começar e por onde terminar agora que nossa gatinha não está mais conosco.

Gostaria de escrever mais sobre como foram seus últimos momentos conosco e o dia da sua despedida desta terra. Também percebo como para algumas pessoas esse assunto é extremamente desconcertante e difícil - as pessoas vivem em um espécie de tola ilusão de que a morte é alguma coisa muito distante e irreal. Muitos também tem uma visão extremamente triste e pesada da morte, talvez por uma questão cultural ou por uma falta de esperança e fé com raízes mais profundas - não sei, mas esse assunto acabará sendo abordado mais para frente por aqui.



Gostaria de ter escrito sobre a chegada da primavera e sobre como ela jamais será tão bela quanto já foi, pois agora a mais bela florzinha não está nesta terra. Gostaria de compartilhar mais como algumas noites foram difíceis com insônia e saudade, e como algumas palavras de Jesus e algumas promessas da Bíblia têm o poder de me transportar da profunda tristeza para o mais alegre júbilo e esperança. 

E compartilhar ainda que nos últimos meses revi todos os 15 mil arquivos de fotos e vídeos que registramos de momentos de nossa querida Vitória, e de tantos momentos lindos, em que podemos perceber toda a sua doçura e delicadeza e como ela se sentia amada. E como nós a amamos!


Claro que nunca será a mesma coisa passar por aqui e não ter o que compartilhar sobre as novidades da nossa amada Vitória. Agora que escrevo meu coração dói de saudade dos momentos incríveis que sempre tinha para contar, mostrar fotos maravilhosas, e saber que todos iriam ficar muito felizes com cada boa notícia sobre ela.

Dentro desse contexto de imensa saudade, de um certo vazio que ficou na casa e nos nossos corações com sua ausência (um espaço que permanecerá sempre para ela e que só Deus pode preencher), dentro do fato de que se passaram quase três meses da sua partida e parece que foram uns 20 anos tamanha é a saudade, dentro de tudo isso, acho que estamos bem.

Blogar sobre a nossa história de vida com uma pequena princesinha especial e guerreira foi  uma emocionante aventura. Confesso que nunca fui adepta de redes sociais, sempre fui displicente em responder e-mails e atualizar novidades online. Só me interessei mais por esse mundo virtual quando a Vitória nasceu. A internet passou a ser uma maravilhosa ferramenta para me aproximar das pessoas e compartilhar a vida da minha filha. Abrimos nossa vida para mostrar um lindo milagre que recebemos de presente e dividir algo muito, muito valioso que estávamos aprendendo e que poucas pessoas conhecem, poucas tem oportunidade de vivenciar de perto e compreender - a não ser quem vive uma história semelhante. Claro que não abrimos toda a nossa vida, sempre fui uma pessoa muito reservada e o único motivo pelo qual entrei para esse mundo de blogs e redes sociais foi para dividir meu pequeno tesouro. Eu não podia guardar aquela linda princesa só para mim, ela era linda demais, preciosa demais e tê-la conosco era uma bênção enorme. Eu simplesmente precisava  mostrar o quanto ela era valiosa para que as pessoas entendessem o que eu estava sentindo e vivendo. Para que pelo menos algumas pessoas pudessem aprender junto com a gente sobre o valor da vida e o valor de um filho especial.



Sei que tudo isso valeu muito a pena e a vida dela foi uma luz que iluminou  incontáveis pessoas que nem conhecemos. Nós vivemos momentos de muita alegria, e perto disso qualquer dificuldade se torna pequena.
Sei que cumpri minha missão e durante todos os meses em que ela ficou conosco eu vim aqui compartilhar essa bênção.

Agora continuamos seguindo nossa vida, trabalhando, nos organizando e buscando também continuar ajudando a outros pais e mães - e também sendo ajudados!

Também comecei a trabalhar com atualização de blogs, redes sociais e sites corporativos - algo que realmente me sinto à vontade em fazer após mais de dois anos e meio escrevendo nesse blog criado para nossa princesinha. Isso também me permite uma maior flexibilidade de trabalhar em casa e desenvolver meus projetos pessoais sem fins lucrativos - que na verdade são os mais compensadores! Tem sido divertido mas também um pouco cansativo, o que também é muito bom!

Gostaria de aproveitar e compartilhar algo que me tocou em uma leitura. É interessante quando vivemos uma situação de perda e vemos as pessoas naquela situação que nós já passamos tantas vezes diante de outros amigos - o que dizer para a pessoa? Muitas vezes me vi totalmente sem jeito diante de um colega de trabalho que perdeu um familiar próximo, um amigo e até outros pais que conhecemos pela internet que também perderam seus amados filhos. Algumas vezes eu já pensei que era melhor não falar nada, que talvez tocar no assunto poderia fazer a pessoa lembrar daquela situação e entristecê-la, outras vezes já achei que tinha que falar ou escrever alguma coisa que tivesse o poder de fazer a pessoa parar de sofrer, ajudando-a a ter fé e esperança... ou fiquei com medo de me aprofundar e falar alguma coisa errada e consegui apenas dizer algumas palavras breves como "sinto muito". 



Bom, a conclusão a que cheguei é que não existe realmente uma fórmula correta sobre como agir ou o que dizer para uma pessoa amiga que perdeu alguém que amava. Mas tenho algumas pistas... acho que é realmente tolice evitar falar na pessoa que se foi para não deixar a pessoa triste. Você pode ter certeza que um pai e uma mãe jamais vão esquecer seu bebê amado, não importa quanto tempo tenha se passado. A cada dia das nossas vidas vamos nos lembrar de nossa amada Vitória e vamos querer preservar sua memória. E o que mais desejamos é que as pessoas que nos cercam também não se esqueçam dela e nos ajudem a preservar sua memória e continuar nutrindo carinho e amor por ela. E muitas vezes isso vai nos fazer sorrir. Mas se o choro vir em algum momento, às vezes isso é bom, porque nem sempre conseguimos chorar quando queremos. Às vezes precisamos mesmo de ajuda e de alguém que nos ouça e nos entenda e respeite nosso choro sem achar que alguma coisa está errada - sem tentar nos fazer parar de chorar e esquecer o "assunto".

Cada pessoa pode reagir de uma forma diferente, então vale a pena buscar saber como a pessoa está reagindo em vez de concluir que ela está depressiva e chorando todos os dias, ou se está lidando muito bem com a situação e não precisa de nenhum tipo de apoio ou palavra de consolo. Às vezes podemos estar  em algum lugar intermediário entre um ponto e outro. E às vezes podemos viver intensamente todos estes momentos em uma única semana! 



Mas acho que qualquer coisa que se faça ou se fale é valida quando é feita com amor.


Algumas pessoas ainda insistem em sentir pena - o que sempre afirmo que é desnecessário - nunca quis que sentissem pena de nossa princesa pois ela era muito amada e feliz; e jamais quero que sintam pena de nós porque somos muito abençoados e felizes! Se alguém deseja expressar algum sentimento, os melhores são o amor e a solidariedade. A pena apenas lamenta à distância, e fala pelas costas, a solidariedade se entristece com a perda, mas não deixa de se alegrar com o que foi bom. E fala de frente, abre o coração e se dispõe a ajudar com ações, com apoio e amizade. É isso que pais que têm um bebê especial ou que perderam um bebê especial precisam, em minha opinião!

Sei que palavras sempre serão insuficientes para traduzir tudo o que se sente, mas ainda assim é tão bom ouvir uma palavra amiga e palavras de carinho sobre aquela criança por quem sempre teremos o maior carinho do mundo! 


Achei também muito legal esse trecho de um livro da escritora Stormie Omartian em que ela fala  sobre como nós precisamos estar abertos a sentir o amor nas atitudes e palavras das pessoas independente da forma como elas cheguem até nós. 

Embora todos os atos de compaixão, simpatia e amor dos outros para conosco possam ser de grande conforto e ajuda para nos tirar da tristeza, somente o toque de cura de Deus pode nos restaurar completamente. Não podemos esperar que meros seres humanos digam palavras que façam nossa dor desaparecer. Nem sempre as pessoas dizem a coisa certa; de qualquer forma, como as palavras podem ajudar? É o amor no coração, expressado de forma eloquente ou não, que nos traz conforto. Se nos prendermos às palavras, podemos perder de vista o amor por trás delas. Quando as pessoas tentam nos demonstrar amor nos nossos momentos de perda, precisamos permitir que façam isso e não criticá-las se não o fazem com perfeição. (Stormie Omartian, O poder da fé em tempos difíceis)

Gostaria de deixar essas palavras com vocês junto com algumas fotos de nossa amada Vitória, e lhes desejar uma excelente semana com muitas vitórias e alegrias!




  







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